SBPJOR PREMIA CARREIRA ACADÊMICA EM JORNALISMO LITERÁRIO
(Reprodução de matéria publicada no ECA-Notícias nº 453, de 9 a 15/11/2019)
Com longa carreira no jornalismo literário, professor Edvaldo Pereira Lima é premiado pela Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo.
“A reportagem é o principal instrumento que o jornalismo tem para prestar um serviço à sociedade”. Isso é o que diz o professor aposentado do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE), Edvaldo Pereira Lima.
Docente na ECA até 2006, traçou uma longa carreira no jornalismo literário. Um de seus trabalhos mais conhecidos é o livro Páginas Ampliadas – O Livro-reportagem Como Extensão do Jornalismo e da Literatura. Sua meta sempre foi introduzir de forma mais incisiva o jornalismo literário no mundo acadêmico. Edvaldo estuda esse tipo de jornalismo desde que ingressou no mestrado.
Muito de seu interesse pelo tema se deve à influência do New Journalism americano. Durante a adolescência, Edvaldo morou nos Estados Unidos, país onde Gay Talese e Truman Capote revolucionaram a imprensa com suas reportagens de fôlego e narrativas surpreendentes.
No Brasil, o jornalismo literário também teve seu período de auge. Um exemplo, parte dos objetos de estudos do pesquisador, foi a revista Realidade, “o caso mais significativo de produção regular de jornalismo literário em publicação impressa brasileira”.
No entanto, ao longo do tempo, segundo o professor, o jornalismo foi abandonando as técnicas e métodos desse tipo de produção, tornando-se mais direto e objetivo. As narrativas humanizadas e a longa apuração foram deixadas de lado. “Um tiro no pé”, classifica Edvaldo.
Em seu doutorado, que originou o livro Páginas Ampliadas, o docente procurou fazer uma ligação entre a universidade e a imprensa, de forma que os estudos sobre jornalismo literário pudessem contribuir para o mercado e não ficassem restritos ao mundo acadêmico.
O plano inicial de estudar apenas a revista Realidade não passaria de “um registro histórico”. Assim, através do estudo do livro-reportagem, Edvaldo conseguiu incluir diversos temas da área e oferecer uma teoria mais completa sobre aquilo que ele denomina jornalismo literário avançado.
Ao contrário do que pensa o senso comum, esse tipo de jornalismo não está restrito a longas reportagens e ao meio impresso. Veículos americanos, influenciados pela forte tradição do New Journalism, hoje exploram esse estilo, fazendo uso de recursos digitais para enriquecer ainda mais a narrativa. Um exemplo é a The Atavist Magazine.
As possibilidades que o jornalismo literário oferece para a comunicação de qualidade são muito relevantes em um contexto no qual há cada vez mais desinformação e manipulação. Narrativas envolventes e bem apuradas são essenciais para a renovação da imprensa, que enfrenta um período de transição.
Para Edvaldo, “se o jornalismo continuar preso apenas ao exercício da função opinativa e informativa, ele vai ficar cada vez menos importante para a sociedade.”
Reconhecimento
Neste ano, o professor ganhou o prêmio Adelmo Genro Filho, da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), na categoria sênior. Outras duas professoras do CJE também já foram premiadas pela entidade: Dulcília Schroeder Buitoni e Cremilda de Araújo Medina.
por Maria Eduarda Nogueira Oliveira.
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